Dia 21 de agosto de 2015, Camila palestrou como Membro Titular da Academia de Letras, Artes e Ciencias. O tema foi "Intuição Literária".
No final, Camila declamou um texto seu, o qual foi produzido com a ajuda intuitiva do mundo espiritual.
MINHA
INVISÍVEL SAUDADE
Quem
é essa, pois, que minha alma alarida suplica nos umbrais dos horizontes
pretéritos?
Quem
és tu, lírio campestre dos jardins patrícios de antes, donde perdeu-se a
realidade do meu tempo e espaço? Sombra terna e angelical, qual me acalma e
desespera, qual me ama e me odeia.
Oh!
Sim! Odeias-me! Pois que mais infeliz me faço sentindo-te e não te vendo.
Amor
inconfundível devoto a este ser, qual nem mesmo sei se habita o universo, apenas
afirmo nos suores de meus delírios, na paz de minha solidão tumultuosa e
eterna, que lhe sou sincero devoto, escravo de sua memória ainda imaculada nas
profundezas de mim mesmo.
Amo-te
criatura! Mesmo que a tua existência ainda me hesite!
E
não há anjos no céu, nem demônios na terra, que possam me furtar o te querer
desse coração em desalento.
E
não há aqui, neste mundo, onde jaz este moribundo, travestido em mim, teu
eterno servo, alma que te possa substituir, haja vista, que nem mesmo estas
ridículas e infantis palavras te são dignas. Tu, que és a criatura sublime das
divindades, a alma das poesias, o cântico dos Apolos.
Assim,
espero resignado no infinito de meus dias, conservando essa minha obra-prima, que
és tu, tão querida.
Insisto,
persisto, resisto! ainda, à poeira dos tempos amargos dessa viagem cruel,
abafante de amores como o nosso, tão puro, tão febril...
E
nos campos eternos da saudade que me engole fria e desmedidamente, suporto tudo
e tudo me suporta, pois, por quem sois, a espera nada me é, já que aguarda-me a
incomensurável felicidade de dias teus.
E
vós, alma amiga, não te alardes nas infelicidades passadas, és ainda aquele que
tenho querido nas proximidades de minha irmandade, nos escaninhos das tendas da
vida, és ainda tão bela memória irmã das aquarelas de outono. Sede pois, feliz como
outrora fui, ainda que viva em nós o desespero das querelas de tempos outros. Conquanto,
não me prive as migalhas e os retalhos de minha gêmea, sabendo eu que não a
pode ser menos que isso, todavia, só o verossímil sentimento do amor divino
pode sobreviver a tão abafado secular desespero.
Despeço-me,
invisível saudade. Das telas de minhas glórias, és a mais perfeita das emoções
celestiais. Guarda-me no pulsar dos teus dias mais felizes, pois, por quem sou,
reitero minha promessa de amar-te eternamente nos eternos Kairós, haja aqui,
fogo ou mar, eu ainda viverei a te amar.